por JULIANA CAVALCANTI
DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 1º de maio de 2011
Levantamento feito pelo Ipea mostra que setores têm escassez de mão de obra num Estado e sobra em outro.
A manutenção das taxas de crescimento do país nos últimos anos tem feito surgir desafios até então distantes da nossa realidade por algumas décadas. Entre eles, a escassez de mão de obra qualificada para assumir todos os postos de trabalho criados nas diversas áreas em que o Brasil tem se desenvolvido.
Apesar da projeção do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA) da oferta de 22 milhões de trabalhadores com qualificação disponíveis ao longo do ano, num universo de 28 milhões de pessoas disponíveis, nem todos os setores econômicos terão a demanda atendida. Esta matemática entre as vagas geradas e a capacidade de ocupação depende do setor econômico e da região do país.
A estimativa do IPEA divulgada essa semana aponta que apenas em 2011, a demanda por mão de obra deve alcançar a contratação de 21 milhões de trabalhadores – sendo 1,7 milhão de novos empregos e 19,3 milhões fruto da rotatividade (demissões e vagas sem ocupação).
Enquanto em Pernambuco, na construção civil deve haver um déficit de 14.258 trabalhadores com qualificação e experiência durante o ano; na Bahia a estimativa é de um saldo de 26.637 pessoas na mesma área. No Brasil, o saldo é de 67.336 trabalhadores na construção civil.
No setor de comércio e reparação, por exemplo, os estados de São Paulo (-28.950), Minas Gerais (-33.944) e Rio de Janeiro (-15.524) enfrentarão carência de profissionais qualificados; do lado oposto, a Bahia (63.830), Goiás (18.581) e o Rio Grande do Norte (17.851) terão bem mais pessoas qualificadas do que as vagas disponíveis.
“Vivemos um paradoxo. O crescimento econômico tem refletido na maior demanda por trabalhadores qualificados e esse crescimento continuado exerce uma pressão por contratações. O levantamento mostra que ainda não temos problemas sérios de escassez de mão de obra, apesar de ser uma preocupação manifestada pelo setor patronal”, analisa Marcio Pochmann, presidente do IPEA, ressaltando a importância do sistema público de emprego na intermediação entre a mão de obra e as empresas.
A indústria é o único setor a contabilizar um déficit nacional de mão de obra qualificada e com experiência. Até o final de 2011, a expectativa do IPEA, calculada com base em dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é que faltem 34.499 trabalhadores com qualificação e experiência para assumir os postos de trabalho gerados na indústria.
A situação mais crítica está na região Sul, com déficit de 51.590 profissionais na indústria, seguida pela região Sudeste, com carência de 15.013 pessoas para assumirem postos de trabalho neste setor. No Nordeste, apenas o Maranhão deverá sofrer com a falta de mão de obra qualificada no total geral.
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